segunda-feira, 24 de março de 2008

QUAL O PAPEL DO CIBERJORNALISTA?

Quando falamos em definir o perfil do jornalista online, empregadores parecem ficar confusos e empregados entram em pânico. Por ser um segmento tão novo, talvez o mercado ainda esteja buscando, conforme as características da mão-de-obra em oferta e demanda, a sua própria resposta.

Não importa a que resultados chegarão as nossas discussões teóricas. Não importa o quanto xingamos as empresas por exigirem muita qualificação dos seus webjornalistas. O perfil que prevalece é aquele aprovado pelo mercado.

- Ah, mas para trabalhar com Internet atualmente, o jornalista tem que “cantar, dançar e rebolar”?
Bem... Há quase quarenta anos atrás, quando meu pai ganhou um posto no departamento de Comunicação Social da Embratel, ele tinha um diploma de graduação em Dramaturgia, algo que seria improvável atualmente. A verdade é que os tempos mudaram.

Creio que dois processos distanciam o mercado de comunicação que meu jovem pai conheceu e o atual. O primeiro é a revolução telecomunicológica, que o Brasil agarrou com todos os dedos. Começamos com os sistemas de satélites Intelsat e Brasilsat, nos anos 70 e 80, e terminamos com um dos maiores números de usuários de Internet do mundo. Sem falar em telefonia celular – o país possui mais linhas móveis do que fixas.

Chegamos ao ponto em que a Comunicação é extremamente dependente da tecnologia. Por isso, é indispensável que o profissional da área tenha uma forte afinidade com o microcomputador. Não basta saber apurar ou escrever bem, pois jornalismo não se limita mais a isso.

Paralelamente à revolução das telecomunicações, o Brasil conheceu a involução econômica. A nossa economia caminhou fora do ritmo da média mundial e não acompanhou o crescimento populacional.

O que quero dizer é que a rápida evolução tecnológica e a economia fraca estão na origem da competitividade acirrada que temos no mercado de trabalho jornalístico (e de muitas outras profissões). É por isso que muitas empresas conseguem exigir do profissional características que consideramos “ultrajantes” (ver o artigo Procura-se redator online, de Bruno Rodrigues). No final, são essas características que acabam moldando o perfil que procuramos.

Esqueça as definições clássicas da profissão! Penso que o jornalista online é um profissional misto, igualmente especializado em duas áreas: Comunicação e Tecnologia. Ele deve dominar tantas ferramentas quanto puder: apuração, redação, edição, diagramação, publicação, fotografia digital, tratamento de imagens, filmagem, busca na Internet, design...

Não se trata de um debate teórico sobre quais as fronteiras do trabalho do jornalista, mas de uma necessidade mercadológica. Ao empregador, importam apenas resultados, eficiência. Se você não estiver pronto, alguém estará. Quer trabalhar com jornalismo online? O meu conselho é que você aprenda a cantar, dançar e rebolar. No mínimo.

3 comentários:

Carla Costa disse...

Olá, Gabriel. Achei muito bem desenvolvido seu texto e corajoso também, não tendo medo de expressar seu ponto de vista sobre a área, de certa forma até polêmico. Só uma ressalva: na verdade a economia brasileira vive um dos seus momentos de maior expansão e crescimento, mesmo que ainda não esteja no seu ponto ideal. Isso permite também que cada vez mais um número maior de pessoas tenha acesso às tecnologias. Continue seus posts com a mesma qualidade. abs, Prof. Carla.

gabriel.ximenes disse...

Talvez eu tenha sido infeliz na escolha da expressão "involução econômica". Sei que a economia brasileira cresce, mas o que quis dizer é que este crescimento é insuficiente e isso se reflete nas oportunidades de trabalho que temos no Brasil atual.

Quatro ou cinco por cento anuais é um crescimento menor do que a maioria dos países experimenta. E prova disso é a queda que tivemos no ranking de produtividade mundial nas últimas décadas.

gabriel.ximenes disse...

Ah, e obrigado pelo elogio! ;)