segunda-feira, 24 de março de 2008

VAMOS DAR A PARTIDA

Cresci respirando carros. No sentido figurado e também no literal, se lembro do ronco esfumaçado dos antigos do meu pai na garagem. O coroa, dono de um Fusca 67 e uma Fiat 47, é um aficionado por quase qualquer coisa que ande sobre rodas: bicicletas, motocicletas, triciclos, carros... Principalmente carros. E, preferencialmente, os clássicos.

Acabei herdando interesse pelo mundo automobilístico e pude acumular conhecimento o suficiente para dar alguns palpites bem embasados sobre o assunto. É isso o que pretendo dividir com os meus leitores a partir de hoje. Embarquem comigo nesta viagem pelo mundo das rodas!

QUAL O PAPEL DO CIBERJORNALISTA?

Quando falamos em definir o perfil do jornalista online, empregadores parecem ficar confusos e empregados entram em pânico. Por ser um segmento tão novo, talvez o mercado ainda esteja buscando, conforme as características da mão-de-obra em oferta e demanda, a sua própria resposta.

Não importa a que resultados chegarão as nossas discussões teóricas. Não importa o quanto xingamos as empresas por exigirem muita qualificação dos seus webjornalistas. O perfil que prevalece é aquele aprovado pelo mercado.

- Ah, mas para trabalhar com Internet atualmente, o jornalista tem que “cantar, dançar e rebolar”?
Bem... Há quase quarenta anos atrás, quando meu pai ganhou um posto no departamento de Comunicação Social da Embratel, ele tinha um diploma de graduação em Dramaturgia, algo que seria improvável atualmente. A verdade é que os tempos mudaram.

Creio que dois processos distanciam o mercado de comunicação que meu jovem pai conheceu e o atual. O primeiro é a revolução telecomunicológica, que o Brasil agarrou com todos os dedos. Começamos com os sistemas de satélites Intelsat e Brasilsat, nos anos 70 e 80, e terminamos com um dos maiores números de usuários de Internet do mundo. Sem falar em telefonia celular – o país possui mais linhas móveis do que fixas.

Chegamos ao ponto em que a Comunicação é extremamente dependente da tecnologia. Por isso, é indispensável que o profissional da área tenha uma forte afinidade com o microcomputador. Não basta saber apurar ou escrever bem, pois jornalismo não se limita mais a isso.

Paralelamente à revolução das telecomunicações, o Brasil conheceu a involução econômica. A nossa economia caminhou fora do ritmo da média mundial e não acompanhou o crescimento populacional.

O que quero dizer é que a rápida evolução tecnológica e a economia fraca estão na origem da competitividade acirrada que temos no mercado de trabalho jornalístico (e de muitas outras profissões). É por isso que muitas empresas conseguem exigir do profissional características que consideramos “ultrajantes” (ver o artigo Procura-se redator online, de Bruno Rodrigues). No final, são essas características que acabam moldando o perfil que procuramos.

Esqueça as definições clássicas da profissão! Penso que o jornalista online é um profissional misto, igualmente especializado em duas áreas: Comunicação e Tecnologia. Ele deve dominar tantas ferramentas quanto puder: apuração, redação, edição, diagramação, publicação, fotografia digital, tratamento de imagens, filmagem, busca na Internet, design...

Não se trata de um debate teórico sobre quais as fronteiras do trabalho do jornalista, mas de uma necessidade mercadológica. Ao empregador, importam apenas resultados, eficiência. Se você não estiver pronto, alguém estará. Quer trabalhar com jornalismo online? O meu conselho é que você aprenda a cantar, dançar e rebolar. No mínimo.